Geografismos foi uma rede de sites e blogs, atualmente titulado por «Geografia e Ensino de Geografia».
Entre 2003 e 2020 este projecto de «elearning» acompanhou a minha itinerância docente por escolas portuguesas. Foi o tempo em que surgiu um novo tipo de internet, a chamada WEB 2.0 com as suas plataformas agregadoras de redes sociais e foco na participação cívica de quem lhe acedia e a lia.
O geografismos já foi muito activo e muito participado por todos até ao momento em que passei a ter mais de 330 alunos por ano e as restrições logísticas das escolas, sobretudo nas ditas novas escolas tecnológicas. Em a cúmulo, a experiência da participação em redes acumulada por todos nós e as questões da «imagem» e participação de menores em acções públicas há-de explicar o decrescente envolvimento em «cru» de pais e filhos.
Iniciara este experimento no então novo mundo do elearning da WEB 2.0 sem reflexão nem enquadramento pedagógico, apenas intuição e experiência feita dentro das salas de aula.
Uma entrevista que é um Manifesto de Quem Procura Ser Professor.
No final de 2004 o José Gustavo Teixeira publicou, no Paixão da Educação, uma conversa simpática pedindo-me uma síntese descritiva do projecto Geografismos,a anteceder as respostas a um questionário mais completo. Hoje, no verão de 2020, publico as palavras de então e constato o quão igual se mantém os propósitos de então apesar da evolução extraordinária da nossa sociedade civil e do seu sistema de ensino. Os destaques que se seguem foram os seleccionados pelo entrevistador.
O Geografismos foi feito para ensinar alunos do 7º ano de Área de Projecto [AP] a criarem os seus próprios blogs individuais. Rapidamente passou a servir-lhes de ligação, suportando, também, materiais para as aulas de Geografia e contactos com os encarregados de educação ou público em geral. Aqui se publicitam as notas, trabalhos, matérias de estudo ou informações ligadas de uma forma ou outra à Geografia e ciência em geral.
Os primórdios: Foi decisivo ser o professor de AP em 3 turmas de sétimo de ano. Não tinha par pedagógico e estava livre para inventar algo que desconhecia se teria ou não viabilidade.
Pude contar com a reserva da sala de informática para o ano lectivo inteiro. Informara-me dos limites às requisições e seus critérios, como contrapartida sugeri que cederia a sala sempre que preciso, bastando um aviso informal do colega interessado.
Visto a maioria dos alunos não contar com Internet em casa comecei com os rudimentos: criar contas de correio, usar programas básicos como o Paint, Internet Explorer e Explorador do Windows e algumas habilidades como o ctrl+z ou ctrl+c.
A simplicidade dos blogs permite que cada aluno tenha o seu, contudo é necessário um acompanhamento e conhecimentos mínimos: algum HTML, enviar ficheiros para servidores, criar e editar blogs. Nunca construíra um site, pelo que comecei do zero absoluto.
O Geografismos nasceu para dar o exemplo de como se faz.
Entrevista de 2004: "A cada professor, a cada aluno um blog!"
[texto de José Gustavo Teixeira] O geografismos - diário de campo on-line para alunos de Geografia – é o blog de Luís Palma de Jesus. Mas neste caso quem diz blog também diz projecto pedagógico concebido para jovens de 12 a 13 anos, com uma grande variedade de sugestões de trabalho no âmbito daquela disciplina.
O geografismos "foi feito para ensinar alunos do 7º ano de Área de Projecto a criarem os seus blogs individuais". Em pouco tempo o geografismos, "que nasceu para dar o exemplo de como se faz", ajudaria os alunos de três turmas da escola EB 2,3 de Santa Clara, Évora, a criar e manter um total de 71 blogs.
Em condições muito precárias de acesso, sem grandes incentivos, à sua conta. Do ano lectivo passado para este o diário de campo acompanhou a itinerância do professor que o criou e mantém actualizado quase diariamente.
Hoje [2004] a experiência da descoberta renova-se. São outros alunos, é outra escola, outros problemas... a mesma dificuldade de acesso. Pedimos ao Luís Palma de Jesus que respondesse a um questionário que lhe enviámos por correio electrónico. Aqui ficam, na íntegra, as respostas às perguntas. Recomenda-se vivamente uma visita demorada ao geografismos, onde podemos encontrar posts como este, ou ainda esta sequência de posts sobre os 30 anos do 25 de Abril. Mas há muito mais para explorar. É só clicar.
[Paixão da Educação] Geografismos é um projecto pessoal, de trabalho conjunto com alunos, ou uma iniciativa partilhada com outros intervenientes da escola, num âmbito mais alargado?
[Luís Palma de Jesus] É trabalho pessoal e assim deve continuar. Uma ferramenta que cada Director de Turma [DT], cada professor pode ter para linkar-se aos seus alunos. A cada professor um blog, a cada aluno um blog.
[PdE] Lendo os primeiros posts pareceu-nos que Geografismos começou por ser, sobretudo, uma plataforma de comunicação com os seus alunos, no âmbito da disciplina, e de apoio às aulas. E que depois evoluiu para um sítio com cruzamentos interdisciplinares e com conteúdos mais variados. Teve colaborações de outras áreas do saber, nomeadamente de outras disciplinas?
[LPJ] O crescimento fez-se por tentativa e erro. A expansão para temas associados à Geografia não teve outra justificação que não a de "interesses pessoais". Desejei evoluir para um blog de "divulgação científica para alunos dos onze aos treze anos de idade" em simultâneo com o lado mais prático de um "jornal de parede". Por circunstâncias casuais as colaborações foram demasiado raras e exteriores ao circuito do professorado, tratou-se de cedências de fotografias, jogos e outros materiais.
As melhores trocas vieram de outros blogs, ficando a questão interdisciplinar confinada a um papel residual. Enfim, tenho uma concepção do termo um tanto restrita e raramente o uso.
"Postar pelo menos duas vezes por semana"
[PdE] Qual a atitude dos seus alunos quando começou a desenvolver este projecto? Aceitaram a ideia como um desafio? Não teve recusas por parte deles? E como reagiram os pais?
[LPJ] Obviamente impus-lhes os blogs. Na primeira aula pressenti-lhes a já clássica expectativa de trabalhar em grupo um tema escolhido por todos; forcei-os a aceitar a minha proposta, aliciando-os com dois argumentos: computadores e Internet. Tinha de ser assim, visto nenhum deles saber o que era um blog, ou como criar um site pessoal. Só a hipótese de termos a sala de informática por nossa conta levou a uma reacção entusiástica.
Para os convencer definitivamente apresentei-lhes o Geografismos e acrescentei uma selecção de meia dúzia de blogs que reuniam uma excelente qualidade escrita e gráfica e que sabia, à partida, agradar aos moços.
Antes de criarmos blogs treinámos algumas competências informáticas. Depois, foi só trabalhar com casos reais e claros. Mesmo quando desconhecia o que ia fazer no momento seguinte, dei sempre o exemplo. Creio que ajudou trabalharmos com objectivos muito simples: guardar e redimensionar imagens, criar uma conta de correio electrónico, inserir texto ou escrever tags HTML. Em momento algum deixei os alunos baralhados ou sem saber o que andavam para ali a fazer.
Por outro lado havia o entusiasmo das novas tecnologias. A sala de informática é um sucesso em qualquer escola (sobretudo pela possibilidade do Messenger, jogos e correio electrónico…) e, com um trabalho deste género, eles tinham para si, durante 90 minutos semanais, o objecto de desejo mais cobiçado.
[PdE] Que critérios foram sugeridos aos alunos para a concepção dos seus blogues particulares? – Fazemos esta pergunta ao verificarmos a grande variedade de opções temáticas e alguma diferença nos produtos finais.
[LPJ] Pretendia sugerir-lhes o mínimo possível de critérios. Mas para desencadear o trabalho arrolei uma série de procedimentos técnicos a dominar. Depois, já o blog estava feito, registei hesitações: não sabiam como postar, nem o que escrever; parecia a famosa síndrome do escritor defronte da folha branca, alargado a um grupo de vinte e tantos alunos. Assim, e por uma única vez, ditei o que deveriam escrever: apresentarem-se ao público referindo a sua condição de alunos.
Por vezes esqueci que tinha perante mim alunos sem hábitos informáticos e senti-me defraudado com o tempo perdido em assuntos triviais.
Apenas hesitei quando reparei na calamidade do português escrito da maioria destes jovens bloguistas. Deveria intervir e corrigi-los? Felizmente o elevado número de alunos (71) impôs-me alguma sensatez. Era humanamente impossível corrigir tudo. Sei, agora, que uma intervenção de tipo policial é desmobilizadora; sei, agora, que os próprios tendem a autocorrigir-se e, por vezes, a corrigir os outros via sistema de comentários (uma questão de não passarem vergonhas).
Quanto a conteúdos nada sugeri. Tínhamos a seguinte regra: postar pelo menos duas vezes por semana (tarefa difícil, pois os 90 minutos de computação por turma, apesar de garantidos, estavam reduzidos a metade pela partilha dos pc’s por pares, pela lentidão do acesso à net ou pela inoperacionalidade dos servidores que alojavam os blogues).
Aproveitei ainda o facto dos alunos escreverem sistematicamente, em Formação Cívica, críticas e autocríticas sobre a semana de aulas (uma excelente sugestão do Paulo Leal, DT de uma das turmas envolvidas). Deviam postar os seus "Relatórios Críticos".
Quanto à "liberdade de expressão" criei um limite: Não usar o blog para difamar professores ou alunos. Como os códigos do blog eram conhecidos unicamente pelo aluno, caso não respeitassem esta regra o link do blog seria retirado do Geografismos, o seu autor avaliado negativamente e remetido para outros trabalhos. Devo dizer que nunca, nem de perto, nem de longe, houve algum reparo a fazer.
“O gosto pelas TIC não era dominante na escola”
[PdE] Um projecto inovador como este, que envolveu não só a sua disciplina, mas também áreas curriculares não disciplinares, foi acompanhado com interesse pela escola, nomeadamente pelos colegas de trabalho mais directamente envolvidos com as turmas que participam?
[LPJ] Não muito. Julgo que por mero acaso o gosto pelas TIC não era dominante na escola. Ao nível das turmas aconteceu que nenhum dos professores se sentia à vontade com as novas tecnologias. O assunto “blogs” era, ao momento, desconhecido, sendo, inclusive, o uso da informática em AP muito residual (normalmente, pesquisas no Google). Contudo esta aparente adversidade permitiu-me requisitar a sala de informática durante um ano inteiro sem prejudicar ninguém.
Factor explicativo, não menos importante, encontra-se no meu estatuto profissional que me leva, enquanto professor contratado, a deambular anualmente pelas mais distintas escolas. Chegar a um estabelecimento que já tem a sua “cultura de trabalho” e impor novidades, ou mudanças acentuadas, não será o mais natural. Compreendo que não haja tempo, disponibilidade e sensibilidade para calcular as consequências dum trabalho nestes moldes por parte de colegas que não me conhecem. E, de resto, será legítimo esperar que outros apreciem trabalhos on-line com a intensidade com que o faço?
[PdE] Teve apoios, inclusive aconselhamento técnico, de algum tipo para manter e desenvolver este sítio?
[LPJ] Felizmente o Geografismos é simples do ponto de vista técnico, e qualquer um, imbuído de empenho mínimo, pode fazer igual. Não houve, nem foi necessário, ajudas externas. Aliás, a sua evolução pautou-se pela regra do “simples”: ter apenas o necessário e sem adornos. Ferramentas elaboradas ou exóticas não interessam. O ideal perseguido foi ter lá bons conteúdos e evitar complexidades técnicas. A consequência imediata foi uma simplicidade que me salvou da dependência de “oscilações laborais”.
A ajuda que pedi, e tive, foi espaço no servidor da escola para alojar documentos e imagens. Mas este é um vínculo a não manter no futuro, pois arrisco mudanças sucessivas de escola, as equipas técnicas estão sujeitas a constantes alterações, e, quem venha, não irá perceber, por exemplo, porque há uma pasta aparentemente inútil, a ocupar 25 MB de espaço alojados, no longínquo ano de 2003, no servidor de uma escola onde não trabalho…
Enfim, mesmo que houvesse inúmeros “apoios” e “aconselhamentos técnicos” convirá não depender deles.
“Pessoalmente senti sucesso por todo o lado.”
[PdE] O interesse dos alunos manteve-se a bom nível durante todo o ano ou sofreu flutuações e momentos baixos? Como conseguiu motivá-los para este trabalho?
[LPJ] Creio que o interesse foi razoável e constante. O senão era uma falta de hábitos de leitura e escrita. Se reparar escreveram pouco e, nesse pouco, sobressai o mau português. Às tantas, muitos optaram por postar imagens e frases curtas e descritivas.
Pessoalmente senti sucesso por todo o lado. Quem entrava na sala de informática deparava-se com um ambiente de trabalho onde apenas se sussurrava (diga-se que para estes alunos falar alto e incidentes disciplinares era a norma). Não tive os casos de indisciplina comuns noutras ocasiões (só na minha direcção de turma fui instrutor de seis processos disciplinares graves, tendo detectado uma situação gravíssima de bullying). Nenhum aluno queria ser afastado do seu PC e isso para mim foi o suficiente.
[PdE] Quais as mais valias de aprendizagem que ele representou no contexto da disciplina, de acordo com a sua avaliação?
[LPJ] Não estive atento, melhor, não tive como avaliar seriamente o impacto deste trabalho. Intuitivamente digo-vos que, para ter algum efeito, é necessário os alunos terem também o seu blog, estarmos nisto juntos. A recepção do Geografismos na turma que apenas tinha Geografia comigo foi muito menos intensa (coincidentemente, era a turma com maiores dificuldades de aprendizagem, menor número de PC’s em casa e menor número de idas à sala de informática).
No Geografismos, para além dos comentários “fun” do professor, encontravam dicas e materiais úteis, datas de trabalhos e testes corrigidos. Imagens e textos de grande qualidade eram linkados e completados nas aulas por materiais algo exóticos e de igual qualidade (cartas militares, negativos de fotografias aéreas, ortofotomapas, cartas imagem, etc.). Creio que o conjunto final transmitia uma sensação de rigor, esforço e alguma “conexão” ao mundo real da Geografia e ciência.
[PdE] Os alunos que participaram no projecto acedem aos blogues geralmente a partir de casa ou da escola que frequentam?
[LPJ] Em Évora poucos tinham Internet em casa. Sei que por altura do Natal os blogs foram a desculpa ideal para exigir a net como prenda no sapato.
O maior volume de acessos vinha da sala de informática, facto que me levou a instalar um contador baseado em “hits” e não em visitantes; houve dias que os catorze PC da escola eram visitados por mais de quarenta alunos bloguistas (ninguém tinha que abrir obrigatoriamente o blog do professor para trabalhar, pelo que fiquei muito curioso quanto ao número dos que livremente o faziam).
Tirando as aulas de AP havia os intervalos e furos que eram passados a postar e a pesquisar materiais.
No presente ano, no Pinheirinho, Almada, apesar de alguns alunos não terem acesso à Internet no seu lar, creio que o uso domiciliar de pc’s explicará uma maior facilidade na criação de blogs.
[PdE] Como resolveu o problema da privacidade dos alunos e da sua própria, que acabam um pouco expostas num blogue com estas características, e para mais num âmbito escolar?
[LPJ] A ideia foi justamente expor-nos ao olhar e avaliação dos outros. Prefiro dar aulas de porta aberta, tal como prefiro mostrar o trabalho que andamos a fazer. Assino no blog sem pseudónimo, é o meu nome, é o meu trabalho.
Incentivo e pratico a exposição como uma forma de responsabilização, sujeito-me a ser avaliado da mesma forma que os trabalhos dos meus alunos são sujeitos à avaliação do público em geral.
Quanto à reserva de privacidade em relação a internautas mal intencionados exigi o óbvio: telefones, códigos, moradas e outras informações só se trocam cara a cara. Quanto ao resto são informações públicas que qualquer um pode aceder através duma pauta afixada no átrio da escola.
Recebi apenas uma intromissão não desejada: o meu mail teve um ligeiro acréscimo de lixo electrónico.
Permitam-me uma observação genérica: questões de privacidade mais graves são levantadas pelos telemóveis de terceira geração, com máquina fotográfica incorporada. Permitindo a circulação anónima de imagens não consentidas na rede. Sobre eles recai o meu único zelo de professor preocupado.
“Quanto aos colegas, no meu local de trabalho, a recepção é distanciada.”
[PdE] Teve conhecimento de que os pais dos alunos acompanhassem esta iniciativa e acedessem ao Geografismos? Recebeu algum eco desse acompanhamento eventual dos EE?
[LPJ] Alguns pais fizeram-no. No ano anterior recebi publicamente elogios, sobretudo do Representante dos Encarregados de Educação que se mostrou atento e prestável em bons conselhos. Outros pais aproveitaram a existência de mail para solicitar respostas muito dirigidas aos assuntos dos seus educandos. Diga-se, contudo, que do ponto de vista parental o mail pode ser muito mais útil do que o próprio blog.
Na nova escola suspeito que haja um acompanhamento mais numeroso devido a circunstâncias sociais distintas das do ano anterior, talvez outros hábitos culturais. Veremos.
[PdE] A sua experiência tem sido seguida na escola por outros colegas, ou é um caso isolado? Tem conhecimento de que outros colegas de escola utilizam este formato do weblog para as suas aulas?
[LPJ] Dedicados a alunos conheço o GENTE JOVEM, entretanto desactivado, o OUGUELA BLOG e o NETESCRITA com os quais tenho criado laços. Há depois um razoável número de blogs, com grande qualidade, dedicados a reflectir a escola e a educação em geral.
Quanto aos colegas, no meu local de trabalho, a recepção é distanciada. As TIC, e os blogs sobretudo, se conhecidos, são encarados como modismos. Repare que é fácil encontrar no professorado algum desconhecimento de software como o Word ou Excel. Seria inusitado pedir-lhes algum tipo de empatia para com a blogosfera…
Actualmente, na escola do Pinheirinho, encontro uma disponibilidade individual muito mais promissora (ando a convencer três colegas a criarem os seus weblogs, e a professora de português iniciou o seu recentemente), apesar de outras dificuldades surgirem: uma ligação de 128kb para todos os PC’s em rede torna impossível correr o Geografismos, uma sala de informática que não funciona e um cubículo com PC’s na biblioteca cujo uso é disputado por todos…
“No fim do ano poupei 6 aulas num total de sessenta”
[PdE] Com que regularidade acompanhou a escrita dos alunos nos seus blogues? Que tipo de apoio lhes prestou, que tipo de trabalho faz com eles a esse nível?
[LPJ] Durante as aulas de AP (em Évora só nesse momento acedia à net) e nos fins-de-semana. De resto os amigos divertiam-se a acompanhar os blogs dos alunos e mandavam-me as novidades mais estridentes.
Logo no início ainda tentei um acompanhamento via sistema de comentários, mas (para além de poder parecer um metediço) o elevado número de alunos a visitar tornava tudo isto impossível.
O melhor acompanhamento foi feito na aula. Episodicamente fazia uma vistoria ao conjunto dos blogues para os classificar de acordo com as notas que a “disciplina” AP permitia: “Não Satisfaz”, “Satisfaz” e “Satisfaz Bem”, transmutados em “tenho um blog pobrezinho”, “tenho um blog e posso melhorar” e “o meu blog é interessante” (não seria exactamente esta a expressão, mas não andarei longe); excepcionalmente criámos uma categoria para os mais que bons, o “está a dar que falar”.
Lá para o fim do ano, a maior parte dos alunos já não me queriam por perto; gostavam de resolver sozinhos as suas dificuldades operacionais.
[PdE] Quanto tempo costumava dedicar a este trabalho de acompanhamento? Em que altura do seu dia de trabalho o realizava?
[LPJ] Uma vistoria completa era todo um fim-de-semana de trabalho: abrir o blog de cada um, espreitar os arquivos, ver o HTML do código fonte quando havia erros na apresentação, insistir quando teimava em não abrir, para, finalmente, actualizar todos os links no template do Geografismos.
Na escola acabei afastado da sala de professores: passei a maioria dos intervalos da manhã na sala de informática, mas aí, o problema da lentidão na navegação em “horas de ponta” era demolidor.
[PdE] De que modo cruzava o seu trabalho de aula com o trabalho on-line de todos os participantes, inclusive o seu? Evocava frequentemente, em ambiente de aula, o trabalho realizado on-line?
[LPJ] As correcções dos testes escritos remeto-as sempre para o Geografismos (no fim do ano poupei 6 aulas num total de sessenta). Para alguns trabalhos maiores o mesmo aconteceu.
Como a maior parte dos alunos optou por não usar os blogs para criarem conteúdos relativos às aulas, ficou para o Geografismos o papel de ligação às matérias de estudo. Procurei dar-lhes fontes de grande qualidade (apesar da questão do Inglês): imagens de satélite das principais agências espaciais, documentos de instituições de mérito internacional.
Na aula apenas evocava os materiais on-line enquanto complemento, nunca quis usá-los como base de trabalho. Oferecia complementos. Para quem queria ir mais além oferecia, sem o intuito de ser exaustivo, links e materiais on-line. E, sobretudo, procurei dar-lhes o melhor que há na Web internacional.
No Geografismos estão disponíveis apenas 27 links referentes à Geografia que tanto servem para o terceiro ciclo como para o ensino universitário; mas são do melhor que há em termos absolutos (servem para universitários, sem dúvida, mas como todos este sites têm materiais didácticos de excelente qualidade, adequados a diferentes níveis etários, não é desajustado remeter para tais links os alunos mais afoitos).
Misturar materiais mais acessíveis com outros de elevada qualidade permite-me, também, salvaguardar os alunos mais dotados: se avançar muito mais rapidamente que outros nas matérias de estudo, não terá, contudo, razões para ficar bloqueado ou saturado pelo ritmo mais lento dos restantes colegas.
“O meu Prozac”
[PdE] A escrita regular no blog alterou de algum modo a relação dos alunos entre si, no contexto da escola e da sala de aula, e destes com o professor? – uma vez que este exercício de escrita veio introduzir uma nova dimensão de relação entre os vários intervenientes. Mudou a relação dos alunos com a disciplina?
[LPJ] Creio que sim. Tive revelações inesperadas do carácter e do trabalho com qualidade que um aluno de 12 anos pode dar. Fiz questão de não trazer para a Internet a relação do professor-aluno baseada na autoridade social, seria fugir desnecessariamente ao espírito da blogosfera.
Em simultâneo, fui sempre organizado, exigente, duro e fraterno, claro nas acções tomadas; enquanto que, pelo lado dos alunos, havia o interesse em não ficarem excluídos das sessões de trabalho; o somatório final reflectiu-se na sala de aula: queria um ambiente de equipa, de trabalho, mandava neles através do exemplo, impunha-me pelo conhecimento e experiência. Lá para o fim já não era necessário mandar, cada um sabia o seu papel. Ganhámos imenso tempo de trabalho com este espírito de grupo. Em Geografia, já sem PC’s, o ambiente continuava. (É claro que foram situações de aula pouco comuns e não podem servir de exemplo, mas trata-se do meu ideal de liderança de grupos e tento, actualmente, recriá-lo na nova escola – uma pena ter de recomeçar tudo, todos os anos).
[PdE] De que modo considera que estes novos recursos podem ser utilizados mais extensamente pelas escolas? Considera que as escolas, e nomeadamente os professores, estão a explorar estes recursos devidamente com os seus alunos?
[LPJ] Basta ter mais PC’s e boas ligações de banda larga. Mais cedo ou mais tarde surgirá alguém com vontade de usar estas ferramentas.
A segunda parte da vossa questão leva-nos à dificuldade da sub-exploração dos recursos, do desinteresse generalizado que não sei como podemos alterar; mas será irrelevante dar conselhos de como alguém deve proceder ou mudar de hábitos de trabalho, procedo eu, mudo eu e, ainda assim, já é o que é…
[PdE] O projecto para este ano lectivo mantém as premissas iniciais? Apenas mudam os protagonistas? Ou a eventualidade de mudar de escola, como deixa implícito no blog, obriga-o a partir do zero?
[LPJ] Mais ou menos. Estou mais afinado, posso ser mais eficaz. Veremos. Acabei por mudar de escola, comecei as aulas apenas a 11 de Outubro, pelo que ainda é cedo para perceber o rumo de tudo isto.
As novas dificuldades: as condições materiais. De escola para escola as condições físicas e os hábitos de trabalho são tão distintos que pequenos nadas tornam-se grandes obstáculos. Este ano, por exemplo, tenho de encontrar um servidor exclusivamente meu. A sala de informática está inoperacional, sendo o melhor espaço de trabalho uma secção da biblioteca com 10 PC’s ultra lentos e com os quais apenas podemos contar duas vezes ao longo do mês de Novembro e outras duas no mês de Dezembro. Também a quantidade de alunos é 3 vezes menos (porque só lecciona AP quem é DT).
As novas facilidades: os alunos e professores. Talvez haja mais gente interessada, alunos muito dedicados (é o que me parece por agora): já fizeram blogs apesar de termos tido uma única aula.
Desafio-me a encontrar uma solução à prova das oscilações conjunturais. Não será o melhor, mas, provavelmente, passará por centrar o trabalho na minha pessoa, depender de mim próprio. Irei inventando algumas respostas em prol da continuidade. Quem sabe o Geografismos não se venha a transformar no meu Prozac para estes dias de confusão educacional…
Bibliografia Anotada sobre os Personal Learning Environments
Resumo
Entre 2005 e 2010 Adell Jordi (2010), Stephen Downes (2005), Steeve Wheeler ou José Mota em 2009 refletiram sobre as possibilidades das novas tecnologias de informação e as suas possibilidades pedagógicas no ponto de vista dos utilizadores no que se entendia como «Ambientes Pessoais de Aprendizagem» - um termo, então, necessariamente fluído.
Estruturaremos a presente bibliografia anotada em (1) citação em formato APA Style, (2) breve resumo do tema focado pela citação (3) comentário crítico sempre que justificado.
Quanto aos assuntos tratados focaremos: 1. Delimitação do significado de Personal Learning Environments (PLE); 2. O papel da WEB 2.0 e as PLE (Personal Learning Environments); 3. Principais ferramentas e técnicas das PLE.
Palavras-chave: Ensino online, Professor online, Ensino a distância, Modelo pedagógico, WEB 2.0, Personal Learning Environments, PLE, Ambientes Personalizados de Aprendizagem
Bibliografia anotada sobre a pedagogia do elearning e o papel do professor online
Resumo
Os autores Terry Anderson (2008 e 2011) e Lina Morgado (2001) guiam-nos no essencial da presente reflexão sobre a pedagogia inerente a aprendizagens individuais online ou, ainda mais desejável, aprendizagens colaborativas no regime de elearning, pelo que rastrearemos numa bibliografia anotada, e centrada em três textos dos autores acima referidos, as técnicas de ensino online e o papel do professor que as adote.
Estruturaremos a presente bibliografia anotada em (1) citação em formato APA Style, (2) breve resumo do tema focado pela citação (3) comentário crítico sempre que justificado.
Quanto aos assuntos tratados focaremos: 1. Abordagens pedagógicas em elearning; 2. O papel do professor em contexto online; 3. Métodos e técnicas de ensino online.
Palavras-chave: Ensino online, Professor online, Ensino a distância, Modelo pedagógico, Sala de aula virtual, Sistemas on-line.
Retornei às aulas do 2º semestre e salto para a última carruagem da discussão do Forum "Ecossistemas de Aprendizagem Digitais em Rede" que é sempre aquela com maior velocidade. A consequência foi ler 82 intervenções no sentido inverso ao da sua produção, pelo que acabei por ter uma leitura do já peneirado e daquilo que já estabilizou. Assim balanço-me para
1. Pensar o significado de «ensino tradicional»:
Foi dito que o termo «ensino tradicional» adquirira conotações negativas sobretudo por que seria um «ecossistema de ensino» obsoleto, baseado na memorização e no conhecimento livresco; baseado na autoridade do professor. Na discussão, esta leitura redutora, do ensino convencional foi superada ao ponderar-se o papel do aluno e a sua necessidade de conteúdos prontos a servir - cito: "a educação está neste momento a competir por atenção/tempo com elementos muito mais poderosos, é mais fácil ao aluno deixar o professor ter o controlo da sua aprendizagem e os pais vêem isso como obrigatório".
Neste ponto apenas acrescento uma dúvida:
Se é certo que o ensino tradicional ou, melhor dizendo, o ensino baseado na transmissão de conteúdos/informação é uma inutilidade por que se trata de um «Ecossistema de ensino» repleto de Informação inutil ou fake.
Contudo, é justamente de conteúdos, dos preciosos «conteúdos de qualidade», que o Conhecimento precisa para se efectivar enquanto elemento agregador das 3 competências essenciais: as literacias fundacionais, as competências-chave e as qualidades de carácter assim referidas no "New Visions for Education: Unlocking the Potencial of Technology" publicado pelo World Economic Forum de 2015.
Creio ser este o sentido da intervenção de J.A. Moreira nos seus diverso textos e que o registo video de uma palestra ilustra:
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2. Somos um ecossistema? Sim. Um ecossistema constituído por elementos híbridos que mantêm relações entre si.
Nas múltiplas participações deste Forum foi dito o essencial com o qual concordo.
Fico agora livre para o contributo periférico: A analogia «Ambiente de Aprendizagem» com «Ecossistema» levanta a dificuldade de identificar os produtores primários, as relações de comensalidade e o, consequente, fluxo energético.
Pessoalmente acho a analogia valiosa e com capacidade para nos orientar a atenção para o essencial:
A Entropia dos sistemas e o modo como será possível evitá-la. Um ponto que nos encaminhará para a questão paradoxal da «informação» (conteúdos) de qualidade versus a informação que por si gera a própria entropia (caos).
3. O Conhecimento é um elemento biótico ou abiótico?
Creio que podemos introduzir uma nuance:
a Informação é biótica. É um objecto quantificável, com peso e medida e que por si existe no sistema enquanto realidade física. Não é um um elemento biótico pois não gera prole nem mantem relações de comensalidade. Está sujeito às lei da Entropia
Já o Conhecimento será biótico: tem a capacidade de se reproduzir, seleccionar, adaptar, apropriar ou eliminar.Só o Conhecimento é capaz de gerar informação de qualidade e evitar a Entropia.
Agradeço aos meus camaradas de semestre as sugestões e leituras proporcionadas.
Referências:
Chapin, F. Stuart; Pamela A. Matson; Peter M. Vitousek (2011). Principles of Terrestrial Ecosystem Ecology (Second ed.). New York: Springer.
Moreira, J. A. M., & Rigo, R. M. (2018). Definindo ecossistema de aprendizagem digital em rede: percepções de professores envolvidos em processos de formação. Debates Em Educação, 10(22), 107. https://doi.org/10.28998/2175-6600.2018v10n22p107-120
Porto, C., & Moreira, J. A. (2017). Educação no ciberespaço. Novas configurações, convergências e conexões. In Educação no ciberespaço. Novas configurações, convergências e conexões. Editora Tiradentes.
Schlemmer, E., & Moreira, J. A. (2019). Modalidade da Pós-Graduação Stricto Sensu em discussão: dos modelos de EaD aos ecossistemas de inovação num contexto híbrido e multimodal. Educação Unisinos, 23(4), 689–708. https://doi.org/10.4013/edu.2019.234.06
World Economic Forum (2015). New vision for education : unlocking the potential of technology. Geneva. Boston Consulting Group.
Em 2015 o World Economic Forum publicou o seu "New Visions for Education: Unlocking the Potencial of Technology" onde definia 3 competências essenciais para o século 21:
as literacias fundacionais, as competências-chave e as qualidades de carácter.
A UNIDADE CURRICULAR AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM:
O docente José António Moreira emprega a analogia "Ambientes" com "Ecossistemas" digitais de aprendizagem.
O tópico subentende que devemos perceber a "educação no ciberespaço" como aberta, flexível e inclusiva.
Aberta, porque permite-nos ampliar a
aprendizagem em larga escala, recorrendo para o efeito a recursos educativos
abertos, que incluem materiais, software e aplicativos com fins educacionais
e com licenças abertas.
Flexível, porque a aprendizagem realiza-se com dispositivos
móveis e recursos integrados e distribuídos, que permitem que esta
ocorra a qualquer hora e em qualquer lugar com smartphones, tablets ou
laptops.
Inclusiva, porque as redes sociais têm-se assumido como espaços
de aprendizagem informal inclusivos onde todos os cidadãos, têm a possibilidade
de reutilizar, reconstruir e redistribuir conhecimento.
O SÉCULO XXI:
A unidade do docente J. A. Moreira iniciou-se sob os auspícios do Covid-19 e o tsunami do tele trabalho, sobretudo o ensino por eLearning.
O Ambiente de aprendizagem não poderia ser mais exigente senão agora. Será um teste à inclusão daqueles que por voltas do destino e da economia sempre estiveram «longe» do ensino à distância.
A etnologia digital nos primórdios da internet 2.0
Para ver e escrever sobre este clássico da etnologia digital criado por Michael Welsh, professor universitário de antropologia cultural, um extravagante acaso levou-me à cantina universitária conhecida como o primeiro andar do Ikea Restaurante. Para aprimorar a extravagância, outros vídeos do autor e demais vídeos colocados na lista de referência bibliográficas da presente unidade curricular, estão censurados/bloqueados. Talvez um sinal dos temos que mudaram...
[Tópico 5 – Debater “Autenticidade e a Transparência na Rede”] Unidade Curricular Educação e Sociedade em Rede
2 Questões de partida:
1) A questão da autenticidade da rede:
Quem são e como são verdadeiramente esses outros que encontramos na rede?
Que são eles por detrás das máscaras que constroem na rede?
Que somos nós próprios na rede?
Somos ou poderemos ser transparentes?
São as imagens que de nós partilhamos autênticas?
2) Como poderemos assegurar a autenticidade da informação?
[Como assegurar a] sua transparência?
Quem a valida ou autentica?
Quem o poderá fazer?
A própria comunidade, a própria rede?
Será pela transparência dos processos de partilha?
Como e em quem na rede poderemos confiar?
Como se poderá garantir a qualidade da informação e como se poderá garantir a idoneidade da utilização dessa informação?
A autenticidade da rede:
1) Quem são e como são verdadeiramente esses outros que
encontramos na rede?
Não há
possibilidade de validar a «identidade verdadeira dos Outros na rede»
Apesar das complicações e obrigações da vidinha, acabei por imaginar a proposta de um REA (Recurso Educativo Aberto) e em simultâneo acabei por o criar por inteiro para uso em situação real de ensino-aprendizagem mas com conteúdos distintos dos tratados nesta nossa unidade - irá servir-me para as aulas de Geografia em Arraiolos...
Em verdade, a imaginação da proposta veio depois da criação do tal REA - e, apesar da designação pomposa, é apenas um «recurso digital» absolutamente simples.
Por causa da sua simplicidade rústica, optei por explorar os recursos das páginas Blogspot e usá-las em situação de aula com avaliação formal e em forma de papel - agrada-me a misturada de elearning com ensino mais tradicional.
Resumo das 6 teses que nesta postagem serão expostas:
1. As novas TIC permitiram acesso generalizado e instantâneo ainformação tendencialmente infinita. (Cf. conceito "information overload" de Alvin Toffler).
2. O resultado é um excesso de informação e a disseminação deinformação desqualificada e irrelevanteou a disseminação deinformação «fake».
3. A circulação no sistema-mundo desta «má-informação»aumenta a Entropia. A propagação instantânea e massiva de «má-informação»tenderá a destruir quaisquer processos de aprendizagem.
3.1. O «Apocalipse» descrito por Umberto Eco (Cf. a tese de “Apocalípticos e Integrados”) será a norma, porque a evolução natural dos sistemas comunicacionais baseados na velocidade e disseminação de conteúdos fake ou trash será a Entropia.
4. No futuro, a marxista «luta de classes» será a «luta de classes de aprendizagens/alunos»:
4.1. Sabemos com a segunda lei da termodinâmica quea Entropia só é resolvida com «informação/conteúdos de qualidade»- os futuros combates será pelo «acesso» a tão relevante informação
4.2. No futuro (ou hoje) assistiremos a umavalorização extrema da «Informação de Qualidade»(ou informação privilegiada).
5. No futuroa qualidade dos processos de aprendizagemradicará nas «aprendizagens significativas» em conluio com «conteúdos de extrema qualidade» que por natureza serão de acesso restrito.
6. Paradoxalmentea solução para este estado de Entropia(causada pelo excesso comunicacional)será a informação(começando por saber onde localizá-la e, posteriormente, saber como aceder-lhe).
Debate: Qual o futuro da aprendizagem humana? As 4 questões propostas na Atividade 5 e 6 da Unidade Educação e Sociedade em Rede:
1. Em que medida a aprendizagem humana está a ser alterada pela própria transformação cada vez mais acelerada da sociedade?
2. Há vinte anos atrás, o futuro da aprendizagem era uma longínqua suspeita daquilo em que se transformou.
3. E de hoje a vinte anos?
4. Porque iremos aprender? Onde e como iremos aprender?
Debate: Qual o futuro da aprendizagem humana? O Futuro negro da educação: