[Tópico 5 – Debater “Autenticidade e a Transparência na Rede”] Unidade Curricular Educação e Sociedade em Rede 2 Questões de partida: 1) A questão da autenticidade da rede: Quem são e como são verdadeiramente esses outros que encontramos na rede? Que são eles por detrás das máscaras que constroem na rede? Que somos nós próprios na rede? Somos ou poderemos ser transparentes? São as imagens que de nós partilhamos autênticas? 2) Como poderemos assegurar a autenticidade da informação? [Como assegurar a] sua transparência? Quem a valida ou autentica? Quem o poderá fazer? A própria comunidade, a própria rede? Será pela transparência dos processos de partilha? Como e em quem na rede poderemos confiar? Como se poderá garantir a qualidade da informação e como se poderá garantir a idoneidade da utilização dessa informação? |
A autenticidade da rede:
1) Quem são e como são verdadeiramente esses outros que
encontramos na rede?
Não há
possibilidade de validar a «identidade verdadeira dos Outros na rede»
- exceto se o fizerem de forma nominal e identificada, associando a identidade na rede à identidade vivida fora da rede.
- exceto se o fizerem de forma nominal e identificada, associando a identidade na rede à identidade vivida fora da rede.
Curiosamente,
nos meados do século XX o debate no mundo da teoria literária[1]
sobre a «autoria» colocou os parâmetros e limites do atual debate sobre
«autenticidade» nas redes (redes de comunicação social mas também em todos os
ecossistemas de produção de informação.
2) Que são eles por detrás das máscaras
que constroem na rede?
Na rede, os
«Outros» serão sempre o «Sujeito» da oração que na rede expressam e valerão
enquanto sujeitos que emitem «Predicados» e «Complementos» … a maior parte das
vezes serão «sujeitos» que enunciam orações rascas ou falsas. A sua
autenticidade ou não não invalida a qualidade dos seus «enunciados».[2]
A questão da
autenticidade obriga a debater a «liberdade de expressão» e se é possível ter
direito a expressar desinformação.
3) Quem somos nós próprios na rede?
Autores. Na maior parte das vezes autores irrelevantes, por vezes falsificadores. A questão remete para os direitos de «autor» e a sua «liberdade de expressão».[3]
Autores. Na maior parte das vezes autores irrelevantes, por vezes falsificadores. A questão remete para os direitos de «autor» e a sua «liberdade de expressão».[3]
4) Somos ou poderemos ser
transparentes?
Temos a liberdade negativa de ninguém nos «retirar» tal possibilidade.
Temos a liberdade negativa de ninguém nos «retirar» tal possibilidade.
A possibilidade de ser ou não ser transparente remete para
os direitos de «autor» e a sua «liberdade de expressão».[4]
5) São as imagens que de nós
partilhamos autênticas?
Devemos exigir a sua autoria ou aceitar o seu anonimato e assim as referenciar (confundir as duas situações será uma questão judicial). Mas a questão em debate é similar à dificuldade da questão «Autoria».
Devemos exigir a sua autoria ou aceitar o seu anonimato e assim as referenciar (confundir as duas situações será uma questão judicial). Mas a questão em debate é similar à dificuldade da questão «Autoria».
Como poderemos assegurar a
autenticidade da informação?
Não podemos. As questões acima associadas a esta questão dissolvem-se na sua própria impossibilidade. Não podemos assegurar
mas devemos suspeitar.
E como devemos praticar a «Suspeita»? Práticas mais recentes
tratam as questões relativas à «Qualidade da Informação» como se tratam as
questões das publicações científicas e as suas metodologias: multiplicidade de
fontes e confronto e a sua «peritagem» (referees).[5]
Propostas mais recentes, sugerem caber ao legislativo o papel de apenas
assegurar ambientes computacionais/comunicacionais livres para confronto/competição entre
agentes/teses antagónicas.[6]
Operações de desinformação em larga escala só são possíveis para um regime totalitário, com o controle estatal dos meios de difusão, ou para organizações clandestinas com poder de vida e morte sobre seus militantes. Qualquer tentativa similar em ambiente democrático esbarra na fiscalização da imprensa e do Legislativo. Um governo mais progressista, mais democrático, pode fazer propaganda enganosa ou, sobretudo, criar «omissões», mas não pode evitar o confronto de teses e antíteses, nem fazer desinformação porque lhe faltam os meios para o domínio calculado dos efeitos.[7]
Referências Bibliográficas:
AMERICAN LIBRARY
ASSOCIATION - Information Literacy Competency Standards for Higher Education.
2004. Consultado em 31 janeiro de 2020. Disponível em http://www.ala.org/Template.cfm?Section=Home&template=/ContentManagement/ContentDisplay.cfm&ContentID=33553%2520Consulta%2520em:%25
Burkhardt, J. - Combating Fake News
in the Digital Age. Consultado em 31 janeiro de 2020. Disponível em
http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=a9h&AN=126274669&site=ehost-live
http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=a9h&AN=126274669&site=ehost-live
Brewer, W. F.
(1977). Memory for the pragmatic implications of sentences. Memory &
Cognition, 5, 673-678. doi: 10.3758/BF03197414.
EUROPEAN
COMMISSION - Combater a desinformação em linha: uma estratégia Europeia.
COM/2018/236 final.
Foucault, M.
(2002). O que é um autor? Lisboa: Veja.
Popper, K.
(2003). Conjecturas e Refutações. Coimbra: Edições Almedina.
Luna, K., &
Migueles, M. (2008). Typicality and misinformation: Two sources of distortion. Psicologica: International Journal of Methodology and Experimental Psychology,
29, 171-187.
Warburton, N.
(2006). Liberdade de Expressão: Uma breve introdução. Lisboa: Gradiva
[1] O debate
pode resumir-se a duas possibilidades: 1) A recusa do autor como tutor do
sentido do texto (Proust, Eliot, Croce, Wimsatt e Beardsley, Derrida, Barthes e
Foucault) ou 2) defesa e revisão do autor como tutor do sentido do texto
(Booth, Bloom, Eco e Compagnon). Cf. Foucault, M. (2002). O que é um autor?
Lisboa: Veja.
[2] Foucault,
M. (2002). O que é um autor? Lisboa: Veja.
[3] Warburton,
N. (2006). Liberdade de Expressão: Uma breve introdução. Lisboa: Gradiva.
[5] Popper,
K. (2003). Conjecturas e Refutações. Coimbra: Edições Almedina.
[6] Burkhardt,
J. - Combating Fake News in the Digital Age. Consultado em 31 janeiro de 2020. Em
http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=a9h&AN=126274669&site=ehost-live
[7] AMERICAN
LIBRARY ASSOCIATION - Information Literacy Competency Standards for Higher
Education. 2004. Consultado em 31 janeiro de 2020. Disponível em http://www.ala.org/Template.cfm?Section=Home&template=/ContentManagement/ContentDisplay.cfm&ContentID=33553%2520Consulta%2520em:%25
Burkhardt, J. - Combating Fake News in the Digital
Age. Consultado em 31 janeiro de 2020. Disponível em
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