Ecossistemas de Aprendizagem Digitais em Rede. O que são, como "vivem", quem são os seus "habitantes" e que configurações podem assumir.

AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM





Retornei às aulas do 2º semestre e salto para a última carruagem da discussão do Forum "Ecossistemas de Aprendizagem Digitais em Rede" que é sempre aquela com maior velocidade. A consequência foi ler 82 intervenções no sentido inverso ao da sua produção, pelo que acabei por ter uma leitura do já peneirado e daquilo que já estabilizou. Assim balanço-me para
1. Pensar o significado de «ensino tradicional»:
Foi dito que o termo «ensino tradicional» adquirira conotações negativas sobretudo por que seria um «ecossistema de ensino» obsoleto, baseado na memorização e no conhecimento livresco; baseado na autoridade do professor. Na discussão, esta leitura redutora, do ensino convencional foi superada ao ponderar-se o papel do aluno e a sua necessidade de conteúdos prontos a servir - cito: "a educação está neste momento a competir por atenção/tempo com elementos muito mais poderosos, é mais fácil ao aluno deixar o professor ter o controlo da sua aprendizagem e os pais vêem isso como obrigatório".
Neste ponto apenas acrescento uma dúvida:
Se é certo que o ensino tradicional ou, melhor dizendo, o ensino baseado na transmissão de conteúdos/informação é uma inutilidade por que se trata de um «Ecossistema de ensino» repleto de Informação inutil ou fake.
Contudo, é justamente de conteúdos, dos preciosos «conteúdos de qualidade», que o Conhecimento precisa para se efectivar enquanto elemento agregador das 3 competências essenciais: as literacias fundacionais, as competências-chave e as qualidades de carácter assim referidas no "New Visions for Education: Unlocking the Potencial of Technology" publicado pelo World Economic Forum de 2015.

Creio ser este o sentido da intervenção de J.A. Moreira nos seus diverso textos e que o registo video de uma palestra ilustra: 
  


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2. Somos um ecossistema? Sim. Um ecossistema constituído por elementos híbridos que mantêm relações entre si.
Nas múltiplas participações deste Forum foi dito o essencial com o qual concordo. 
Fico agora livre para o contributo periférico: A analogia «Ambiente de Aprendizagem» com «Ecossistema» levanta a dificuldade de identificar os produtores primários, as relações de comensalidade e o, consequente, fluxo energético.
Pessoalmente acho a analogia valiosa e com capacidade para nos orientar a atenção para o essencial: 
Entropia dos sistemas e o modo como será possível evitá-la. Um ponto que nos encaminhará para a questão paradoxal da «informação» (conteúdos) de qualidade versus a informação que por si gera a própria entropia (caos).

3. O Conhecimento é um elemento biótico ou abiótico?
Creio que podemos introduzir uma nuance: 
a Informação é biótica. É um objecto quantificável, com peso e medida e que por si existe no sistema enquanto realidade física. Não é um um elemento biótico pois não gera prole nem mantem relações de comensalidade. Está sujeito às lei da Entropia
Já o Conhecimento será biótico: tem a capacidade de se reproduzir, seleccionar, adaptar, apropriar ou eliminar.Só o Conhecimento é capaz de gerar informação de qualidade e evitar a Entropia.

Agradeço aos meus camaradas de semestre as sugestões e leituras proporcionadas.

Referências:   
Chapin, F. Stuart; Pamela A. Matson; Peter M. Vitousek (2011). Principles of Terrestrial Ecosystem Ecology (Second ed.). New York: Springer.
Moreira, J. A. M., & Rigo, R. M. (2018). Definindo ecossistema de aprendizagem digital em rede: percepções de professores envolvidos em processos de formação. Debates Em Educação, 10(22), 107. https://doi.org/10.28998/2175-6600.2018v10n22p107-120
Porto, C., & Moreira, J. A. (2017). Educação no ciberespaço. Novas configurações, convergências e conexões. In Educação no ciberespaço. Novas configurações, convergências e conexões. Editora Tiradentes.
Schlemmer, E., & Moreira, J. A. (2019). Modalidade da Pós-Graduação Stricto Sensu em discussão: dos modelos de EaD aos ecossistemas de inovação num contexto híbrido e multimodal. Educação Unisinos, 23(4), 689–708. https://doi.org/10.4013/edu.2019.234.06
World Economic Forum (2015). New vision for education : unlocking the potential of technology. Geneva. Boston Consulting Group.

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